sexta-feira, 10 de abril de 2009

Gregário pra que te quero

Nos anos 60 estava proibido passar bebidas a partir dos carros. Não sei ao certo se era mais uma regra idiota ou questão de segurança (as bebidas só eram vendidas em garrafas de vidro - estávamos na era pré-pet). Assim, os ciclistas tinham que usar a criatividade para conseguir bebida fresca. Claro que o serviço sujo cabia aos gregários (assim como hoje em dia).

Escolhidos pela corpulência, eles realizavam autênticas batidas, assaltando bares e restaurantes. Várias equipes entravam em acordo para fazer isso, chegando até assaltar caminhões de distribuição.

Muitos restaurantes, precavidos, fechavam no dia antes da passagem da corrida e outros aceitavam isso como forma de “pedágio” para a passagem da prova pela sua localidade.

Alguns gregários carregavam 10 ou 12 garrafas de vidro por todas as partes. Inclusive garrafas de champagne. Era sem dúvida uma época charmosa para o esporte .

Quem paga? Quem paga? Gritavam os donos dos estabelecimentos. “Goddet paga!” diziam no Tour, ou Bergareche na Vuelta ou Torriani no Giro.

Alguns ciclistas abriam a garrafa dando golpes no avanço e muitas vezes quebravam a garrafa. Outros, mais precavidos, levavam abridor de garrafa nos bolsos ou em colares. Os mais estúpidos abriam com os dentes. E um dos mais estúpidos era Julio Jiménez, o espanhol que quebrou um dente realizando essa proeza.

O vídeo abaixo é parte do filme “Eddy Merckx, The Greatest Show on Earth (Giro d’Italia 1974)” e ilustra muito bem esse texto.

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